terça-feira, 24 de agosto de 2010

CARÊNCIA

Manhã acordada
esperando a janela se abrir
e ver que espero de minha solidão
os brados carentes de um corpo
que faz das traquéias dos gritos
do amor
melodias que se dissolvem
nos copos cristalizados
da alma
embebida pelos vulcões impiedosos
das paixões.
Meu corpo nú agora veste-se
das roupas escuras
das solidões
tratadas em mim
como a carência
de escamas de peixes
perdidos no mar
de estrelas cadentes.
Barbárie mental:
ver-me debruçado
sem alguém se quer
pra me tomar
corpo à dentro
e copo cheio do áspero licor
das deusas que me fizeram
arder-se de amor e fugir
de mim como anjo que foge
de um quarto solitário.
Quero me valer dessa solidão
por causa da inspiração
que me vem este poema sem cor,
contudo quero armazenar em mim
tuas vindas silenciosas e bruscas
deixando em minha inapagável carência
o estímulo único de teu verdadeiro
amor.


( Hudo Guedes )

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